domingo, 22 de novembro de 2009


O mito do amor romântico...

O mito do amor romântico é muito mais que uma forma de amor. É todo um conjunto psicológico, tecido de expectativas e idealizações onde pessoas e realidades são inseridas.
No mito do amor romântico a paixão prevalece. Assim, cria-se a ilusão de que o foco da paixão condensa todas as soluções dos problemas existentes na vida. O outro acaba se tornando uma construção, cujos tijolos foram retirados dos insondáveis terrenos de nossas carências e necessidades.
No mito do amor romântico, a pessoa amada é vista, de forma consciente ou não, como a primeira responsável pela satisfação dos desejos e necessidades de seu amante. Uma forma de encantamento parece inibir a percepção da realidade de maneira que a relação passa a representar um perigo para aqueles que dela fazem parte.
Podemos identificar na verdade que, antes de o mito do amor romântico atingir as relações, ele atinge a forma como o ser humano interpreta a si mesmo. A visão romanceada do humano parece estabelecer uma inimizade entre a pessoa e seus limites.
Pode nos parecer estranho, mas quanto maior é a negação dos limites que nos são próprios, maior parece ser o domínio que eles exercem sobre nós. Acolher os limites que lhes são próprios é um jeito da pessoa reconciliar-se consigo mesma.
Há sempre o risco de querermos fazer o outro ser a medida de nosso desejo. Por uma insatisfação pessoal, projetamos no outro uma perfeição que gostaríamos de encontrar em nós mesmos.
No momento em que identificamos essa inadequação, no instante em que percebemos que o outro não é perfeito, desfaz-se o encanto. E o que antes dizíamos ser experiência de amor eterno transforma-se em amor que valeu enquanto durou.
E amar não é cultivo de perfeição, mas o contrario. É empenho de superação de limites. É cultivo constante que nos aproxima da realidade e que nos capacita para continuarmos desejando que o outro continue ao nosso lado.
Amar é exercício de descobrir o que o outro tem de mais lindo, mas também de mais vergonhoso. Amores perfeitos só existem nas projeções, ou nos jardins...
Aquela florzinha miúda que tem beleza simples e que requer muito cuidado. O outro amor perfeito só existe nos livros e nas histórias das fadas.
O mito do amor romântico parece fortalecer nas culturas o desejo que o ser humano tem de encontrar no seu mundo exterior a solução para suas imperfeições. É quase uma camuflagem, onde passamos a buscar nas coisas, nas pessoas e nas situações, o remédio que nos sanaria de nossas incompletudes.
Somos imperfeitos, mas não estamos condenados a ser vitima de nossa imperfeição; o outro também não esta condenado a morrer com os seus defeitos. Desta forma, num encontro de imperfeitos, nasce um desejo concreto de juntos lapidarem suas humanidades, na busca de uma harmonia que podemos chamar de amor.
Não somos perfeitos, mas queremos realidades perfeitas.
O mito nos retira do contato com a realidade. A partir dele, as pessoas passam a procurar realidades ideais. A pessoa ideal para casar; o lugar ideal para morar; o lugar ideal para trabalhar, e por ai segue uma lista interminável.
As pessoas, no afã de encontrarem a pessoa ideal, pessoa perfeita, começam a imaginar. Olham, mas não vêm, porque estão motivadas a enxergar só o que estão imaginando. É deste “não encontro” e deste “não ver” que hoje em dia se iniciam as relações.
Começam a projetar umas nas outras suas necessidades e lacunas. Relações dessa natureza são comuns entre nós. Pessoas que, na incapacidade de compreender os limites de suas histórias pessoais, passam a buscar nos outros os preenchimentos de suas lacunas. Amores que não são amores.
A experiência das projeções nos coloca dentro de um mundo sem sustentação; e mundo projetado não é mundo que realiza, nem faz realizar.
Passamos a “AMAR” não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas sim quando aprendemos a ver perfeitamente uma pessoa imperfeita.
O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico. O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e do que já não é.

Isso tudo e as diversas experiências frustrantes que já tive me levam realmente a acreditar que amor romântico é mesmo um mito...

Mas também acredito que quando você para de procurar... O amor perfeito aparece sem que você esteja esperando...

A partir deste momento... É com você... Só com você...

Seja humilde o suficiente para enxergar seus próprios defeitos, limites e lacunas... E não fique desenhando uma outra pessoa para suprir o que falta em você, o que só existe em seus pensamentos, em seus ideais... Isso pode ser uma experiência frustrante e irreversível para ambos.

Somos TODOS sujeitos a falhas fraquezas e medos...Assuma essas fraquezas

Aceite... Você é ser humano... Jamais será perfeito...

Perfeito só é DEUS!

Beijos... Boa semana!

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